quarta-feira, 16 de março de 2011

Tarefa - Mostra a tua indignação!

Não fiques indiferente!
Mostra a tua indignação pelo desrespeito dos direitos humanos, que é uma problemática actual.

 

Os castigos dos escravos

Uma das características do regime de escravatura é que o senhor tinha o direito privado de castigar fisicamente o escravo. Do ponto de vista da escravidão, o castigo do escravo era considerado como necessário e justo para que estes trabalhassem de forma contínua.
Apresentam-se exemplos de instrumentos de tortura utilizados, que nos permitem deduzir como era a vida de um escravo dos séculos XVIII e XIX.

Os instrumentos de ferro na captura

Os instrumentos de ferro que prendiam o pescoço eram as gargalheiras, espécie de coleira presa ao pescoço do cativo.

Captura de escravos africanos
Das gargalheiras partiam correntes que prendiam os membros do escravo ao corpo, ou servia para atrelar os escravos uns aos outros, nos transportes dos mercados dos escravos para as fazendas.

Os instrumentos de ferro nas fazendas

Os instrumentos de ferro de “castigos e penitências” usados para punir e submeter os escravos:
algemas, cadeados, palmatórias, colares, gargalheira, entre outros.

Usados para prender, transportar, maltratar ou sujeitar os escravos, os instrumentos de ferro faziam parte do património das fazendas.

Tudo para garantir a submissão dos negros escravos pela tortura e degradação.



Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro.

Libambo

Era um instrumento que prendia o pescoço do escravo numa argola de ferro, de onde saia uma haste longa, também de ferro, que se dirigia para cima ultrapassando o nível da cabeça do escravo e era fechada atrás com cadeado.
Esta haste, ora terminava por um chocalho, ora por trifurcação de pontas retorcidas.

O castigo do libambo era para os escravos que fugiam.

O chocalho que dava sinal quando o negro andava, queria indicar que se tratava de um escravo fugitivo. Além de desconfortável, o escravo tornava-se um alvo fácil de ser capturado, pois não se libertava da argola facilmente. 

O  libambo das pontas retorcidas  prendia-se aos galhos de árvores para dificultar a fuga do escravo.

Máscara de folha-de-flandres

Era uma máscara, que tinha 3 buracos: dois para ver e um para respirar.
A máscara podia cobrir todo o rosto ou apenas a boca, sendo fechada a cadeado por trás da cabeça.
A máscara de flandres era usada para punição de furto de alimentos, alcoolismo, ingestão de terra e na mineração de diamantes, para impedir que os negros extraviassem as pedras, engolindo-as.
Era uma mordaça que impedia o escravo de engolir. O escravo com a máscara não podia comer nem beber, sem permissão, e ficava neste suplício muitas vezes dias inteiros.
Servia também para indicar que se tratava de um escravo ladrão ou fugitivo


Escravo com máscara de Flandres. Debret, 1835.

Tronco e pelourinho

O tronco era um instrumento de tortura e humilhação, com função semelhante à do pelourinho, sendo constituído por uma estrutura de madeira com buracos e quase sempre correntes, onde os membros dos escravos eram presos.
O pelourinho era uma coluna de pedra com argolas, onde eram presos os escravos. As execuções oficiais eram feitas em praça pública.
Quer no tronco, quer no pelourinho, açoitavam-se os escravos, geralmente em público, para que estes servissem de exemplo..

O açoite era a pena aplicada ao escravo, usava-se para isso o “bacalhau”, chicote feito com cabo de madeira e de cinco tiras de couro retorcidos ou com nós.

Escravo açoitado num pelourinho. Gravura de Debret, 1835.
 O açoite era permitido por lei e muitos chegavam ao extremo neste tipo de castigo. Os mais cruéis dividiam o açoite em 4 etapas:
1.ª etapa – açoitava-se bem o escravo; 2.ª etapa – o escravo era retalhado com uma navalha;
3.ª etapa – aplicava-se sal, sumo de limão e urina nas feridas;
4.ª etapa – acorrentava-se o escravo por dias para agoniá-lo com as dores produzidas por todo o processo.

Viramundo


Um dos materiais de tortura mais usados depois do tronco, era o viramundo: um grande rectângulo de madeira dividido em duas partes entre as quais havia buracos destinados a prender a cabeça, os pulsos e os tornozelos dos escravos que ficavam presos por vários dias, para servir de exemplo para os outros escravos.
Às vezes, o escravo era preso, e perto do seu rosto era colocado pão e água, assim a tortura tornava-se maior, pois o escravo não conseguia alcançar a comida e bebida.


Escravos punidos. Debret, 1835.

Formas de resistência - A morte

A violência legal e sistematicamente utilizada pelos senhores como meio de submeter o escravo, gerava o medo, mas também a revolta e formas de resistência por parte dos escravos submetidos a tais castigos cruéis.

A reacção do escravo assumiu várias formas.

O aborto foi frequentemente provocado pelas escravas para não verem os seus filhos na mesma situação de vida e também como meio de prejudicar o senhor, sempre interessado no aumento do número de escravos.

O suicídio era uma forma do escravo se libertar das condições desumanas em que vivia.  O suicídio estava geralmente ligado a um momento de medo ou impasse em que o escravo se via indefeso diante da repressão do senhor, sendo comum os escravos matarem-se após terem agredido ou matado um senhor.

Formas de resistência - A violência


Escravos matam senhor. Desenho do século XIX, de Arago.

Por vezes, os escravos também recorriam à violência.
Eram comuns os casos em que feitores, senhores e seus familiares eram estrangulados, asfixiados, esfaqueados ou  mortos à pancada pelos escravos.
O ódio do escravo era pelo senhor e pelo feitor, mas também pelas suas famílias, pois era um modo indirecto de atingi-los.
Os escravos eram punidos com penas pesadas, inclusive a pena de morte.

Formas de resistência - A fuga

Anúncio da Fuga do escravo Fortunato.
Rio de Janeiro, 18 de Outubro de 1854:



A fuga era temida pelos senhores, seguida da formação de aldeamentos colectivos de escravos, os quilombos.